PPR ou Certificados de Aforro: qual escolher?


Se estás a dar os primeiros passos no mundo da poupança e investimento, provavelmente já te deparaste com esta dúvida: Certificados de Aforro ou Plano de Poupança Reforma (PPR)?
Ambos são populares entre os portugueses, mas adequam-se a perfis de investidor muito diferentes.
Neste artigo, clarificamos todas as dúvidas!
Certificados de Aforro: melhor opção sem risco e flexível
Se estás a começar e queres algo seguro, líquido e previsível, os Certificados de Aforro (CA) continuam a ser um “porto seguro”.
Em setembro de 2025, a taxa base da Série F estava em 2,028% bruta, revista mensalmente pela Euribor 3M, com teto de 2,5% e prémios de permanência crescentes (até +1,75% nos anos 14-15).
É possível resgatar após 3 meses, parcial e sem penalizações.
Ponto fraco: com a inflação ~2,8% (estimativa), no curto prazo os Certificados de Aforro podem não proteger totalmente o poder de compra, embora os prémios ajudem à medida que o prazo aumenta.
PPRs: melhor opção para longo prazo e aproveitar benefícios fiscais
Os PPR servem objetivos de longo prazo e podem ter capital garantido (seguros) ou não garantido (fundos).
Têm, regra geral, comissões (subscrição, gestão e, por vezes, resgate) e regras de liquidez mais apertadas, ou seja, o objetivo é resgatares apenas perto da reforma, ou terás penalizações.
Em contrapartida, oferecem benefícios fiscais: dedução à coleta de 20% até 400€/350€/300€ (consoante a idade) e tributação reduzida (8%) no resgate se cumprires as condições legais.
Fora dessas condições, aplicam-se 21,5% / 17,2% / 8,6% conforme a antiguidade do contrato.
Mas atenção: Muita gente não aproveita os “teóricos” 20% por concorrência com outras deduções. O benefício fiscal médio real dos últimos 10 anos foi de apenas 2,2% do valor investido, em vez dos 20% permitidos por lei. Isto acontece porque o benefício fiscal compete com outras deduções (dependentes, saúde, etc.). Por exemplo, uma pessoa que ganhe o salário mínimo e que não pague IRS, não tem acesso a este benefício fiscal, pois ele é uma dedução do imposto a pagar. Logo, não havendo imposto a pagar, não há dedução possível.
Queres saber mais sobre PPRs? Consulta os nossos artigos dedicados:
- Como escolher o melhor PPR para ti? Dicas & erros a evitar
- Quais os PPRs mais rentáveis?
- Qual o melhor PPR com capital garantido?
Comparação rápida: PPR vs CA
Rentabilidade - PPR vs Certificados de Aforro
Dados de “Como Salvar a Minha Reforma” e ECO.
Como podes ver, com a excepção de 2024, em todos os períodos os certificados de aforro renderam mais do que os PPRs.
É importante realçar que estamos a analisar o mercado como um todo: podem ter havido PPRs que tenham tido uma performance muito superior. E resultados passados não são garantia de retornos futuros.
1990 a 2009
Se considerarmos o histórico de rentabilidades, e de acordo com o estudo “Como Salvar a Minha Reforma”, de 1990 a 2009, os PPR renderam ~1,54%/ano acima da inflação, enquanto os CA ~1,82%/ano.
Ou seja, neste período, os Certificados de Aforro renderam mais do que os PPRs, mesmo tendo muito menos risco e maior facilidade/flexibilidade de resgates
Isto mostra como comissões e volatilidade pesam no retorno líquido dos PPRs.
Hoje, continua a haver PPR bons, mas é preciso uma seleção exigente (custos baixos, política adequada ao teu risco/horizonte, histórico consistente) - e confirmar se o teu benefício fiscal efetivo é material.
2019 a 2024 (últimos 5 anos)
Neste período, a inflação média em Portugal foi de 3,1%/ano. Os dados do ECO mostram que:
- 89% dos PPR ficaram abaixo da inflação, ou seja, perderam poder de compra.
- Apenas 15% dos PPR bateram o seu índice de referência.
- Rendibilidade média anualizada da maioria dos PPR: ~1,6% bruta.
- Certificados de Aforro: cerca de 2,91% a 5 anos e 4,2% líquidos a 10 anos, batendo claramente os PPR.
2014 a 2024 (últimos 10 anos)
Segundo os cálculos do ECO, os PPR apresentaram uma rendibilidade anualizada média bruta de apenas 1,6%, enquanto os Certificados de Aforro alcançaram cerca de 4,2% líquidos. A diferença é expressiva, mesmo antes de considerar as comissões típicas dos PPR.
2024 isolado (ano excecional)
Graças à recuperação dos mercados financeiros, a média dos PPR foi de 7,5% em 2024. Contudo:
- Apenas 1 em cada 5 PPR conseguiu bater o seu índice de referência.
- A maioria não tem consistência: ganhos fortes num ano, mas anos anteriores muito fracos, ficando atrás dos CA em horizontes mais longos.
Qual escolher?
Escolhe Certificados de Aforro se procuras segurança, liquidez, simplicidade fiscal e retornos estáveis (ainda que modestos no curto prazo).
Escolhe PPR se tens horizonte muito longo, toleras volatilidade, investigas bem custos e qualidade, e aproveitas mesmo os benefícios fiscais.
Outra opção é optares por uma estratégia mista, com parte investido em Certificados de Aforro, e parte em PPRs.
Checklist para te ajudar a decidir
- Vais precisar do dinheiro nos próximos 8–10 anos? O teu benefício fiscal real em PPR é mesmo relevante? (Não assumas 20% “automáticos”.)
- O PPR tem custos totais baixos e histórico coerente com o teu perfil de risco?
- Tens disciplina para manter o PPR até às condições legais de resgate?
Conclusão
Como já deves ter reparado, não existe uma resposta certa, nem um instrumento “melhor”. Rentabilidades passadas não garantem resultados futuros. Faz a tua própria pesquisa e decide por ti mesmo.
Em geral, Certificados de Aforro são preferíveis para segurança e simplicidade; PPR só se tiveres horizonte longo de investimento, tolerares volatilidade e aproveitares de facto a fiscalidade.
Outra solução possível é adotarmos uma estratégia mista: parte em CA + outra parte investida em PPR.
Queres saber mais? Lê esta análise da ECO, com dados muito interessantes sobre a performance de PPRs e de Certificados de Aforro.
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