Como investir em obrigações? Guia completo


Investir em obrigações pode parecer uma forma segura de investimento, mas a verdade é que uma obrigação é um produto complexo e com risco.
Neste artigo, tentarei explicar em detalhe mais sobre este produto de investimento, quer sejas um iniciante sem bases económicas ou um investidor mais experiente.
O que são as obrigações?
Uma obrigação é como emprestar dinheiro a um amigo que promete pagar-te juros pelo empréstimo e devolver o dinheiro emprestado ao fim de um determinado prazo.
Imagina que tens 1.000€ e emprestas esse valor a uma empresa ou ao governo. Eles vão pagar-te juros regularmente (por exemplo, 5% por ano, ou seja, 50€ por ano). No fim do período acordado, por exemplo, 5 anos, devolvem-te os 1.000€ que emprestaste.

Uma obrigação é um título de dívida emitido por governos, empresas ou outras entidades que precisam de financiamento (é uma alternativa aos empréstimos bancários, por exemplo).
Ao comprar uma obrigação, o investidor está a emprestar dinheiro ao emitente, que se compromete a pagar juros periódicos (os chamados "cupões") e a devolver o valor emprestado no final do prazo (data de maturidade).
As obrigações são seguras?
Muitas pessoas acreditam que as obrigações são seguras, mas nem sempre é assim.
- Risco de falência: Se quem te pediu o dinheiro (empresa ou governo) falir, podes perder parte ou mesmo a totalidade do teu dinheiro.
- Risco das taxas de juro: Se as taxas de juro aumentarem, o valor das obrigações já emitidas desce. Por exemplo, se emprestaste dinheiro a 2% ao ano e, depois, as novas obrigações pagam 4%, o preço das tuas obrigações antigas desce de valor.
Uma obrigação não está protegida pelo Fundo de Garantia de Depósitos (FDG), ao contrário do que acontece nos depósitos a prazo. Ou seja, se a entidade a quem emprestas o teu dinheiro for à falência, podes perder o valor total do teu investimento.
Exemplo prático: Em 2022, as taxas de juro subiram bastante, e muitas obrigações antigas perderam valor no mercado. Isto significa que quem tentou vendê-las antes do prazo final acabou por perder dinheiro. Podes ver isso no gráfico da performance de um ETF de obrigações governamentais, representado em baixo:

Como podes ver, a performance das obrigações não é “linear” nem “garantida”. Tem risco, tal como qualquer outro investimento.
Como investir em obrigações (passo-a-passo simples)?
A maneira mais fácil e acessível de investir em obrigações é através de fundos ou ETFs (fundos negociados em bolsa) que contêm dezenas ou centenas de obrigações diferentes.

Vantagens deste método:
- Tens diversificação automática, reduzindo riscos específicos de escolher obrigações individuais.
- Baixos custos e simplicidade.
- Facilidade de acompanhamento através de uma app intuitiva.
Vamos dar-te um exemplo simples usando a app da XTB, uma plataforma intuitiva:
- Pesquisa por “EUNH”, ticker de um ETF de obrigações curtas mais popular: o "iShares Euro Government Bond 1-3yr" (é só um exemplo). Este fundo investe em obrigações governamentais de curto prazo (1 a 3 anos), que são menos sensíveis às alterações das taxas de juro.

- Após clicares no ativo, aparece-te uma nova janela onde podes clicar em “Buy” para comprar:

- Escolhe quanto investir e confirma a tua compra: Podes começar com valores baixos, como 50€ ou 100€, para perceberes como funciona sem arriscar demasiado. Depois, é só “confirmar”.

Agora que percebeste o básico de forma muito simples, podemos aprofundar mais os conceitos técnicos, para quem quiser compreender melhor este tipo de investimento ou investir em obrigações individuais.
Como funcionam as obrigações?
Para compreendermos como funcionam as obrigações, temos de primeiro conhecer os principais elementos que compõem uma obrigação, nomeadamente:
Valor nominal
O valor nominal (também chamado valor facial) é o montante que o investidor irá receber de volta no final do prazo da obrigação, ou seja, na data de maturidade. Como comprador, também será o valor que irá ser pago no momento da emissão da obrigação. Contudo, se a obrigação for comprada após a emissão, o valor da mesma será ditada pelo preço de mercado nesse momento (ver mais em baixo).
Cupão (taxa de juro)
Como brevemente explicado acima, o cupão é o juro que o emissor da obrigação paga periodicamente ao investidor. Pode ser pago anualmente, semestralmente ou noutra periodicidade definida no momento da emissão.
Por exemplo, se uma obrigação tem um valor nominal de 1.000€ e um cupão anual de 5%, o investidor receberá 50€ por ano em juros.
Porém, algumas obrigações não pagam cupão (são as chamadas "obrigações zero cupão") e são vendidas com desconto sobre o valor nominal.
Data de maturidade
A data de maturidade é a data em que a obrigação vence e o emissor devolve ao investidor o valor nominal investido. Obrigações podem ter prazos curtos (inferiores a 3 anos), médios (3 a 10 anos) ou longos (mais de 10 anos). O horizonte temporal tem impacto no risco e na sensibilidade às taxas de juro (algo ligada À “duration”, como explicamos em baixo)
Preço de mercado
As obrigações não são necessariamente negociadas ao seu valor nominal no mercado secundário. O preço de mercado pode ser superior (acima do par) ou inferior (abaixo do par), dependendo de fatores como as taxas de juro atuais, a perceção do risco do emissor e o tempo até à maturidade.
Yield to Maturity (YTM)
Este é o conceito mais importante se quiseres saber a tua rentabilidade esperada no momento em que compras uma obrigações. A Yield to Maturity (YTM), ou taxa de rendimento até à maturidade, representa o retorno anualizado total que um investidor pode esperar obter se comprar a obrigação ao preço atual de mercado e mantiver o título até à maturidade.
Vamos a exemplo. Se recorrermos à corretora alemã Trade Republic podemos observar o seguinte numa das obrigações que oferecem (é irrelevante qual é, o que interessa é perceber os conceitos):
- O preço de mercado: 90% (ou seja, inferior ao valor nominal que seria de 100%)
- “Rendimento” (que é a YTM): 18,37%
- “Juros” (Que é o cupão): 14,50%

Como vês, a YTM (18,37%) é maior que a taxa de cupão (14,50%). Isto acontece porque o preço de mercado é inferior ao preço de emissão (Vais comprar por 90€, mas na maturidade recebes 100€ por obrigação). Ora, a YTM já incorpora essa diferença de preço na sua taxa.
Duration
A duration mede a sensibilidade do preço de uma obrigação às variações das taxas de juro. Quanto maior a duration, maior o impacto que uma mudança nas taxas de juro terá no valor da obrigação.
Existem dois conceitos:
- Macaulay Duration: é o tempo médio (em anos) em que o investidor recebe os fluxos de caixa da obrigação;
- Modified Duration: indica em percentagem quanto o preço da obrigação varia perante uma variação de 1% nas taxas de juro. Se as taxas de juros subirem 1% quando a modified duration é de 5 anos, isto quer dizer que a obrigação cairá 5% (e vice-versa)
Obrigações com longa maturidade e cupões baixos tendem a ter duration mais alta, sendo mais sensíveis a mudanças nas taxas.
Tipos de obrigações
Existem diversos tipos de obrigações, mas nesta secção, vamos concentrar-nos em duas categorias principais e mais comuns para o investidor individual: obrigações governamentais e obrigações corporativas.
Obrigações governamentais
As obrigações governamentais são emitidas por países com o objetivo de financiar despesas do Estado, como infraestruturas, saúde, educação ou dívida pública. Em Portugal, quem está encarregue destas emissões é a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP).
Características:
- Consideradas investimentos de baixo risco, especialmente quando emitidas por países com elevada credibilidade (ex: Alemanha, EUA).
- Pagam um cupão periódico, embora possam também existir obrigações com cupão zero.
- Podem ter diversos prazos, desde títulos a 1 ano até mais de 30 anos.
Obrigações corporativas
As obrigações corporativas são emitidas por empresas para financiar as suas atividades, expansão ou refinanciamento de dívida. Funcionam da mesma forma que as governamentais, mas com risco e rentabilidade potencialmente mais elevados.
Características:
- Podem ser emitidas por grandes empresas cotadas ou por empresas privadas.
- Oferecem normalmente taxas de juro (cupões) mais elevadas do que as obrigações soberanas, como compensação pelo risco adicional.
- Variam muito em termos de qualidade e prazo.
Riscos principais:
- Risco de crédito: A empresa pode ter dificuldades em cumprir com os pagamentos ou mesmo entrar em insolvência. Existem entidades como a Moody’s, S&P ou Fitch, que se dedicam a avaliar este risco.
- Risco de liquidez: Algumas obrigações corporativas não têm um mercado secundário ativo, o que pode dificultar a sua venda antecipada.
Como investir em obrigações
Existem várias formas de investir em obrigações, desde a compra direta até a utilização de veículos de investimento mais diversificados, como ETFs. A escolha dependerá do perfil do investidor, do montante disponível e do nível de conhecimento sobre o mercado obrigacionista. Aqui ficam as principais opções:
Subscrição em ofertas públicas
Nesta modalidade, o investidor adquire obrigações diretamente na emissão, ou seja, quando uma empresa ou entidade pública lança uma nova série de obrigações no mercado (o chamado mercado primário). Pode ser feita através de bancos ou corretoras autorizadas a participar na colocação da oferta.
Contudo, podem existir alguns entraves. Por exemplo, praticamente todas as emissões de obrigações do Estado português (chamadas de obrigações do tesouro) em mercado primário estão apenas acessíveis a investidores institucionais (bancos e outras entidades financeiras).
Algumas empresas emitem obrigações no mercado primário destinadas aos investidores particulares, como foi o caso recente das Obrigações Mota-Engil 2030 ou as Obrigações Benfica SAD 2025-2029.
Estas ofertas surgem pontualmente, pelo que é preciso estar atento às campanhas e prazos de subscrição.
Compra direta no mercado secundário
Uma das formas mais comuns de investir em obrigações é comprá-las no mercado secundário, ou seja, a obrigações que já foram emitidas e estão a ser negociadas entre investidores (daremos um exemplo prático mais em baixo através da Interactive Brokers).
O mercado secundário permite-te escolher obrigações com características específicas (prazo, taxa de juro, rating), comprar com desconto ou prémio, dependendo da taxa de juro de mercado e vender antes da maturidade, se assim o entenderes.
Através de ETFs de obrigações
Os ETFs de obrigações são uma forma eficiente de investir em carteiras diversificadas de obrigações. Estes fundos são negociados em bolsa, como ações, e permitem exposição a diferentes segmentos do mercado obrigacionista: dívida pública, dívida corporativa, obrigações de curto ou longo prazo, entre outros.
Vantagens:
- Diversificação imediata: com um único ETF, tens exposição a centenas de obrigações diferentes;
- Liquidez: os ETFs são comprados e vendidos em tempo real nas bolsas, tal como as ações.
- Custos reduzidos: têm comissões de gestão baixas (inferiores a 0,50%/ano)
- Transparência: podes acompanhar facilmente a composição, rendimento e desempenho do ETF.
Exemplos de ETFs de obrigações populares:
1) iShares Core Euro Government Bond UCITS ETF (ETF de obrigações governamentais - ficha técnica):
Este ETF procura replicar o desempenho de um índice composto por obrigações soberanas da Zona Euro com classificação de investimento (investment grade).
Dados de maio de 2025:
- Notação de crédito: AA
- Taxa de retorno até à maturidade (Yield to maturity): 2,66%
- Duração média: 7,19 anos
- TER (custo de gestão anual): 0,07%
2) iShares Core EUR Corporate Bond UCITS ETF (ETF de obrigações corporativas – ficha técnica)
Este ETF procura replicar o desempenho de um índice composto por obrigações corporativas denominadas em euros e com classificação de investimento.
Dados de maio de 2025:
- Notação de crédito: BBB
- Taxa de retorno até à maturidade (Yield to maturity): 3,08%
- Duração média: 4,48 anos
- TER (custo de gestão anual): 0,20%
Plataformas online e bancos tradicionais
A forma de acesso ao mercado de obrigações varia consoante o intermediário financeiro. Os bancos tradicionais oferecem acesso a algumas emissões e ETFs, mas tendem a ter comissões mais elevadas e uma oferta limitada.
Por outro lado, corretoras online como a Interactive Brokers, Trade Republic ou DEGIRO permitem acesso a um universo mais vasto de obrigações de diferentes geografias, emissores e moedas, normalmente com custos mais competitivos.
Exemplo prático: Compra de uma obrigação na Interactive Brokers
Para este exemplo, vamos simular a compra de uma T-bill, uma obrigação do Tesouro americano com um prazo inferior a um ano.
Nota: A taxa de juro está denominada em dólares, pelo que, tens de ter em conta que um investimento nesta obrigação tem um risco cambial associado (podes receber menos ao converter para euros).
1º passo: Procurar pelas obrigações
Depois de entrares na tua conta da Interactive Brokers, vai a “Pesquisa” e seleciona o “Scanner do bonds”:

2º passo: Seleciona os filtros
Quando chegas à páginas das obrigações (bonds), tens de filtrar por “títulos do tesouro - EUA”, definir o intervalo de datas onde quer que essa obrigação mature e, por fim, seleciona “letra” (são as T-bills) no tipo de título de tesouro.

3º passo: Escolher a obrigação
Agora, temos de escolher uma das obrigações presentes na lista. Decidimos optar pela segunda que, como o nome indica, a sua maturidade é em Dezembro de 2025, tem um preço de mercado de 98.03 e uma yield implícita de 4.286%.
De notar que esta é uma obrigação cupão zero), ou seja, na maturidade, o investidor recebe 100 e a yield já reflete essas diferença. Não te esqueças também que a yield é cotada em termos anuais. Como este artigo foi feito em Junho de 2025 e a obrigação matura em Dezembro de 2025, tens de ajustar os 4.286% para o período remanescente (6 meses).

4ºpasso: Escolher a obrigação
Por fim, tens de dar uma ordem de compra, tal como farias para uma ação ou ETF. Tens de escolher a quantidade e o tipo de ordem.

Nota importante: o “preço-limite” refere-se à percentagem de uma obrigação. Isto é, os 98,04264 é uma percentagem de uma obrigação completa (1,000$), o que significa que ao clicares em “visualizar”, vais reparar que a ordem é para comprar “980,43$”:

Riscos de investir em obrigações
Compreender os principais riscos associados às obrigações é essencial para tomar decisões de investimento mais informadas e evitar surpresas desagradáveis. Abaixo destacamos os principais riscos a considerar:
Risco de crédito (falência do emissor)
Este é o risco de o emissor da obrigação não pagar de volta o dinheiro emprestado ou/e não efetuar o pagamento dos juros (cupões).
Quanto menor for a qualidade creditícia do emissor, maior é o risco de incumprimento, mas também maior tende a ser o retorno esperado.
Exemplo: uma obrigação emitida por um governo estável (como a Alemanha) terá, em regra, um risco de crédito muito baixo, ao passo que uma emitida por uma empresa altamente endividada ou por um país emergente poderá apresentar um risco significativamente maior.
Risco de taxa de juro
Este risco está relacionado com a evolução das taxas de juro de mercado. Quando as taxas de juro sobem, o preço das obrigações existentes tende a cair, porque os novos títulos começam a oferecer juros mais atrativos.
Isto afeta os investidores que pretendem vender as obrigações antes da maturidade (se o teu objetivo for esperar até à maturidade, este risco é irrelevante para ti). Quanto mais longa for a duração da obrigação, maior será a sensibilidade ao risco de taxa de juro.
Exemplo: se compras uma obrigação com taxa fixa de 2% e, algum tempo depois, as novas obrigações são emitidas com 4%, o valor de mercado da tua obrigação antiga diminui para se ajustar à nova realidade.
Risco de liquidez
Nem todas as obrigações são facilmente compradas ou vendidas no mercado secundário. O risco de liquidez refere-se à possibilidade de não conseguir vender uma obrigação rapidamente sem aceitar um preço significativamente mais baixo. Este risco é mais relevante em obrigações emitidas por pequenas empresas ou em mercados pouco desenvolvidos.
Risco cambial
Este risco aplica-se quando se investe em obrigações emitidas numa moeda diferente da do investidor (investe numa obrigação em dólares, como o exemplo referido acima da Interactive Brokers). As flutuações cambiais podem impactar o valor do investimento, independentemente do desempenho da obrigação em si.
Exemplo: se um investidor português comprar uma obrigação emitida em dólares e o euro se valorizar face ao dólar, os rendimentos da obrigação, quando convertidos de volta para euros, serão inferiores.
Tributação sobre rendimentos de obrigações em Portugal
O investimento em obrigações pode gerar dois tipos de rendimento: juros (cupões) e ganhos de capital (lucro na venda, se vender a obrigação antes da maturidade). Ambos estão sujeitos a tributação em Portugal, sendo essencial que compreendas as regras fiscais aplicáveis, especialmente quando investe através de plataformas internacionais.
Nota: Qualquer venda tem de ser declarada, mesmo que resulte numa menos-valia (prejuízo). Portanto, não é só apenas quando existe uma mais-valia.
1. Juros recebidos (rendimentos da categoria E)
Os juros pagos pelas obrigações são considerados rendimentos de capitais (categoria E) para efeitos de IRS. Estão sujeitos a uma taxa liberatória de 28%, retida automaticamente se o pagamento for feito por uma entidade portuguesa.
Se investires através de uma corretora estrangeira (ex: DEGIRO), não haverá retenção automática em Portugal. Nesse caso, terás de declarar os rendimentos manualmente no IRS.
Opção pelo englobamento:
Outra via é optar por englobar estes rendimentos na tua declaração de IRS, sendo então tributado pelas taxas progressivas do IRS (até 48% + possíveis surtaxas). Esta opção só compensa se o teu rendimento global for baixo ou se beneficiar de muitas deduções fiscais.
2. Mais-valias (categoria G)
Quando vendes uma obrigação por um valor superior ao que pagaste, o lucro é tributado como incremento patrimonial (categoria G), sujeito a 28% de imposto, salvo se optares pelo englobamento.
Se usarmos uma corretoras estrangeira terás de declarar estas mais-valias manualmente no Anexo J, Quadro 9 do IRS, pois essas plataformas não reportam automaticamente os dados à Autoridade Fiscal portuguesa.
Nota importante:
É comum confundir a categoria G com o Anexo J. A categoria fiscal é G (ganhos de capital), e o Anexo J é o formulário onde se declaram rendimentos obtidos no estrangeiro, como mais-valias realizadas numa corretora como a DEGIRO ou Interactive Brokers.
3. Obrigações estrangeiras e dupla tributação
Se os juros forem pagos por obrigações emitidas no estrangeiro, pode haver retenção na fonte no país de origem (por exemplo, 30% nos EUA, salvo redução para 15% via formulário W-8BEN).
Em Portugal, podes deduzir esse imposto estrangeiro até ao limite de 28% na tua declaração de IRS. No entanto, a responsabilidade de declarar corretamente os valores e justificar as retenções é tua.
4. ETFs de obrigações
Investir em ETFs de obrigações também gera rendimentos sujeitos a imposto:
- Juros distribuídos: são rendimentos da categoria E.
- Mais-valias na venda do ETF: são rendimentos da categoria G.
Se o ETF estiver domiciliado fora de Portugal (ex: Irlanda ou Luxemburgo), os rendimentos não são reportados automaticamente e o investidor deve preenchê-los no Anexo J, tal como nas obrigações compradas diretamente no estrangeiro.
Conclusão: Vale a pena investir em obrigações?
As obrigações podem ser uma forma de equilibrar uma carteira de investimentos, sobretudo para quem procura rendimento menos volatilidade. Ainda assim, não estão isentas de risco, com destaque para o risco de crédito e o impacto das taxas de juro.
A compreensão dos principais conceitos, como o cupão, a yield to maturity, a duration e os diferentes tipos de obrigações, é essencial para avaliar se este tipo de ativo se adequa aos teus objetivos financeiros.
ETFs podem ser uma boa porta de entrada, oferecendo diversificação automática, enquanto a compra direta de obrigações exige mais análise mas pode oferecer oportunidades interessantes.
Em última instância, investir em obrigações exige informação, clareza e uma estratégia ajustada ao perfil de risco de cada investidor.
